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Maria do Bairro, Marina e Os Ricos Também Choram: Ensino de História e Literatura

Parte I. Resenha dos dois primeiros capitulos da nova versão

Los Ricos También Lloran, TelevisaUnivision, Las Estrellas, 2022


(Cap.1 e 2):

21 e 22/02/2022, Novela das 9 da emissora.

1. Comparando com outras versões, Mariana é uma personagem mais próxima de Marina (Telemundo, 2006) do que da Maria do Bairro (Televisa, 1996) e Mariana - LRTL (1979).
Ela tem o Ensino Médio completo, e sonha estudar numa Universidade. Ela não é uma menina em estado de miséria, como foi Maria do Bairro (1996), a caipira Mariana (LRTL, 1979), e bem diferente da Mariana quase sem terra, dos anos 1930, de época, do SBT (2006). Claudia Martín ta fazendo bem a personagem, que já foi defendida por Veronica Castro (1979), Thalia (1996), Sandra Esheverría (2006) e Thais Fersoza (2006). Acho que ela aprendeu a ficar "nesse quadrado" de mocinha de novela.
2. Esther, vilã original, ganhou o mesmo nome da versão de 1996, Soraya Montenegro. Até o capitulo em questão, ela é uma "sobrinha" do patriarca da familia. Até agora não falou gritando, e nem saiu agredindo no tapa meninas cadeirantes e velhinhas. Mas promete barracos, e ja chamou Mariana de "morta de fome" para uma das "tias". Na abertura ja dá um spoiler, a imagem dela aparece do lado de um vidro de "veneno". Fabiola Guajardo tá entregando bem, ela é uma atriz expressiva. É impossível esperar uma "Itatí Cantoral", cada versão é diferente de si.
3. Fizeram uma salada com a personagem da Matriarca da familia, que na versão de 1996, era a Dona Vitoria. Foi dividida em duas personagens: uma é Elena, defendida pela diva Azela Robinson (atriz que fez a enfermeira Elvira, em A Usurpadora - 1998), é ex-esposa de Alberto. A outra personagem é a atual esposa, Daniela. Elas duas são rivalizadas, como 'atual e ex' do Sr. Alberto. Não gostei muito disso, mas dá "texto" pra trama. As duas estranham a Mariana, e ficam jogando a Soraya pra cima do filho mais velho do Sr. Alberto.
4. O filho mais velho, Luis Alberto, é um cachaceiro, viciado em jogos, e vive apostando em bitcoin. Se lasca sempre, e pede dinheiro emprestado pra agiotagem do narcotráfico... Isso vai dar pano pra manga!
Ele é noivo de Soraya Montenegro, e o primeiro encontro dele com a protagonista Mariana, é no jardim, quando a menina está procurando o cachorro (Pulguento é o nome, em referencia a Marimar, 1994) e as mangueiras eletronicas acionam, molhando-a... E ele fica parado olhando pra ela com as roupas molhadas. Achei essa cena meio pornozão de luxo, mas sensível, diferente da pastelão que foi em 1996. Ele tenta o tempo todo impressionar o pai com algum feito na empresa, mas sempre é humilhado pelo velho. Ele tem um trauma de infancia, pois carrega a culpa da morte de seu irmão... Afogado caindo de uma lancha no mar (como a criança tem culpa?). Eu gosto do Sebastian Rullí, mas tá bom de playboy filho, tu não tem mais idade para esses personagens. Mas tá mandando bem!
5. A nova versão tem não apenas uma, mas várias empregadas fofoqueiras (Carlota atrás da Porta, MDB, 1996). Algumas são assistentes administrativas na empresa (parte da novela é dentro do mundo coorporativo), e uma é empregada na mansão. Todas elas batem tudo o que acontece na empresa e na mansão para Soraya, Elena e Daniela. Uma delas da empresa, parece se divertir com a rivalidade das matriarcas. A Daniela tem um passado que lembra a Penélope, personagem que é a babá bandida na segunda fase de Maria do Bairro.
6. Mariana não parece ser mosca morta como era a Maria do Bairro (Televisa, 1996) e a Marina (Telemundo, 2006). Ela é mais esperta como a da versão de 1979, e do SBT de 2006. No segundo capítulo ela faz um gerente de RH da empresa ser demitido, por assédio sexual.


Marina, Telemundo, 2006



7. Fizeram uma salada com a personagem da filha mais nova da familia da primeira fase. Pegaram a filha adotiva da terceira fase de Maria do Bairro (1996) juntaram com a filha mais nova da familia da primeira fase, e com a Alicia, a cadeirante da terceira fase. Bateram no liquidificador, e criaram uma amiga pobre da Mariana que se apaixona pelo filho mais novo da familia. As falas dela até agora são uma mistura das três.
8. Dessa vez a riqueza da familia é justificada de uma forma parecida com o texto original e com a versão do SBT, eles são empresários emvolvidos com a agroindústria de produtos de caixinha, pelo que eu entendi até agora.
9. Os dois primeiros capítulos passaram de "(...)4,1 millones de personas (Audiencia Total), de acuerdo con datos de Nielsen IBOPE" México. Fonte: Las Estrellas. Isso é considerado um numero muito alto.

Parte II. E o ensino de História, o que tem a ver com isso?

É possível observar materiais com o olhar comparado. A trama que está indo ao ao pela Televisa este ano, já teve adaptações em seu texto e, diferentes momentos e Países.

Los Ricos Tambíen Lloran (1979)



A trama do SBT de 2006, se passou nos anos 1930, e traz a família para o centro da crise do café, e do crash da bolsa de Nova York. Ascensão de Getúlio Vargas como Presidente com a revolução de 1930 e o Golpe de 1937, quando se promulga uma constituição antidemocrática. Assistindo a trama é possível que o telespectador entre em contato com parte da História do Brasil e do Mundo. A novela se passa em uma cidade onde disputam politicamente fazendeiros do café, e aborda do Coronelismo. Alguns capítulos estão disponíveis de forma não oficial no Youtube. Mariana, a protagonista, é descoberta pelo dono da fazendo de café, como sua filha, gerando incômido com a sua esposa, Esther e sua enteada Sofia. O personagem morre e Mariana se torna a gata borralheira da madrasta e da filha da madrasta. Seria uma adaptação de Charles Perrault para o público da TV? Muitas pessoas conhecem clássicos da literatura pelas novelas, as vezes mesmo não sabendo diretamente que é uma história de um clássico autor! Acho necessário o marketing trabalhar isso quando lança uma novela, afinal é uma questão indiretamente educacional.

Os Ricos Também Choram, SBT, 2006



A versão Maria do Bairro (1996) é possível ser assistida pelo Globoplay e pelo Youtube. É possível discutir a questão das classes sociais, sendo a Maria, personagem protagonista, moradora de uma favela, em um lixão, abrigada por Fernando De La Veja em sua mansão, sem explicações claras. Apenas ele atende o pedido da paróquia da igreja, de ajudar a menina Maria para que ela não fique desamparada. Maria na primeira fase da novela, é comparada em flashbaks com a gata borralheira, sendo a matriarca da família, dona Vitória ,a madrasta, Soraya (sobrinha da familia) e Carlota (empregada fofoqueira) as irmãs más. Há um conflito de classes sociais na novela: pobres vs. ricos. Ou seja, é possível ver o clássico de Perrault e ao mesmo tempo questões sobre diferenças sociais. Na versão Marina (2006) também é possível a mesma análise.

Maria do Bairro, Televisa, 1996


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